domingo, 1 de agosto de 2010

A ADULTIZAÇÃO INFANTIL E SUAS CONSEQUÊNCIAS.


ERA UMA VEZ...

"Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino." (I Coríntios 13 : 11)

Hoje em dia as crianças estão recebendo cada vez mais cedo, influências de uma sociedade que parece ter esquecido a importância do “tempo de ser criança”. E não é preciso uma pesquisa muito profunda, para perceber os efeitos nocivos e prejudiciais que esse comportamento causou, não só nas crianças, mas, nas famílias e na sociedade como um todo. Não quero dizer que tudo que acontece é por culpa dos pais, mas é claro, que como responsáveis pela criação e desenvolvimento de uma criança, Deus conta conosco para que no futuro a Igreja continue fazendo a diferença.
As crianças são seres em construção e, exatamente por isso “pular” algumas etapas importantes e que precisam ser vivenciadas por elas, sempre trará mais prejuízos do que benefícios, o caminho rumo à maturidade precisa ser percorrido com cuidado, observando as placas de sinalização que servem como alerta quando a velocidade for excedida ou feita uma parada brusca.
Muitos pais permitem ou transformam seu filho em um adulto em miniatura, os motivos são os mais diversos: Alguns porque querem ver os filhos conquistarem coisas que eles gostariam de ter e não tiveram, como por exemplo: Ver o filho se transformar num grande jogador de futebol, ou a filha ganhar um concurso de modelo, fazer sucesso, ganhar dinheiro, são os profissionais mirins, que muitas vezes precisam ser defendidos pela justiça, quando então entrar em cena a vara da infância e da adolescência para defender os menores até mesmo de seus próprios pais e seus desejos egoístas e insanos. Outro motivo é que se os filhos amadurecem mais cedo, os pais passam a ter a impressão de que eles já podem tomar conta da própria vida, cuidar de si mesmos, e em um mundo em que ninguém tem muito tempo para cuidar de ninguém isso parece ser uma solução perfeita, ainda que seja ilusória e totalmente fora da realidade. Há também aqueles que tentam minimizar a ausência nos lares permitindo aos filhos fazer ou comprar qualquer coisa que diminua o complexo de culpa por ter que deixá-los sozinhos enquanto trabalham fora na maior parte do dia, gerando com isso, comportamentos impróprios e na maioria das vezes inadmissíveis.
É claro que não existe um modelo estático de comportamento, a sociedade passa por grandes e às vezes, “sofridas” mudanças no decorrer dos anos, contudo essas mudanças precisam ser discutidas e avaliadas para não causarem danos irreversíveis no futuro. O poeta Mário Quintana disse o seguinte: “Quando guri, eu tinha de me calar à mesa: só as pessoas grandes falavam. Agora, depois de adulto, tenho de ficar calado para as crianças falarem”. Esse é um sentimento coletivo, muitos adultos não sabem mais qual é a sua posição frente à nova realidade que se apresenta de crianças amadurecidas antes do tempo.
No entanto, há uma verdade que precisa ser dita: Independente daqueles que insistem em não reconhecer o valor do período da infância para todo ser humano, o fato é que ela não deixará de existir, mesmo com toda a tecnologia, e filosofias vãs, sempre haverá uma parcela de pais e responsáveis, que despertarão na criança, o desejo de viver esse momento único e insubstituível, e o outro lado de tudo isso, é que assim como não queremos crianças adultizadas, também não queremos jovens e adultos infantilizados que olham para o passado com tristeza e para futuro com medo, que é exatamente o que acontece quando algumas etapas da vida não são vividas como deveriam, gerando traumas e complexos que refletirão e resultarão em uma sociedade enferma.

Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. (Eclesiastes 3.1)

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